Procuro um olhar (Mateus Borges)

Procuro um olhar no meio da multidão, mas só encontro um olhar que não me olha, que não me vê.
É só loucura dia de rápido...
Corra que o sinal vai fechar!
Bom dia!
Não posso parar...
Na correria do dia, é pior que folia: ninguém para, ninguém olha...
E eu procurando um olhar...

Só vejo, na verdade mais escuto do que vejo, é som demais pra dois ouvidos só!
Pessoas falando, não se trombando, é barulho atormentando, é carro, é moto, é ônibus,
vendedor gritando: 'você tem que comprar'!
E letreiros avisando de algo que eu nunca vou precisar...
É celular, é TV, é moto, é papagaio, é chefe, é patrão, é empregado, é alguém me pedindo um trocado...
A multidão na fila da pizzaria, do correio, do banco, do ponto de ônibus, na fila do sorvete... todos ao mesmo tempo só veem o relógio,
até parece que o relógio virou cronômetro, o tic tac acelerou e não parou mais...
E eu procurando um olhar...
E como uma luz rompendo a tudo e a todos aquela mulher me encontrou e gritou: 'moço', sem olhar no meu rosto, me pediu ajuda e estendeu a mão... Foi aí então que eu lembrei que não existe homem de aço, que, no alto da Cruz,
Meu Senhor me olhou e com olhar eterno atravessou mais de dois mil ano e novamente me olhou, me amou, me sustentou, ajudou a ajudar a quem precisa!
Hoje eu não procuro um olhar, já encontrei!
E acredite: Ele sempre irá me encontrar!
E é esse olhar que eu sempre quis e, Deus me olhando, vou sendo feliz!"



(poesia de Mateus Borges declamada por Felipe Bueno no Fest Luz em Maringá- PR.)

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